Elevar impostos sobre o cigarro e, consequentemente, aumentar o preço do produto são fortes indutores da redução de consumo do tabaco no Brasil e no mundo. Os resultados fazem parte da Pesquisa Internacional de Tabagismo (ITC, na sigla em inglês), apresentada nesta sexta-feira em razão do Dia Mundial sem Tabaco, lembrado neste sábado, 31 de maio.
Os cigarros se tornaram economicamente menos acessíveis entre 2009 e 2013 no mundo todo. Isso provocou uma redução no consumo de 2% ao ano, em média. Esse dado leva em conta o número de cigarros fumados por dia, o preço pago na compra do produto, a renda familiar e o número de adultos na residência do fumante.
A relação entre o preço e a diminuição no consumo ficou evidente porque metade dos fumantes entrevistados disse que pensou em parar de fumar ou diminuir a quantidade de cigarros que fuma para economizar.
No Brasil, os dados econômicos mostram que os impostos sobre cigarros subiram 116%, por maço, entre o fim de 2006 e o fim de 2013. Como consequência direta, a venda de cigarros no país sofreu uma queda de 32% no mesmo período. Já o número de fumantes diminuiu 28%.
As análises comprovaram também que a elevação na carga de impostos sobre cigarros aumentou a receita tributária advinda do setor em 113% no mesmo período. Essa receita é importante, uma vez que o Estado brasileiro precisa arcar com o tratamento de saúde de muitos fumantes.
Um em cada dez adultos morre por causa do tabaco
A pesquisa foi coordenada pela Universidade de Waterloo, no Canadá, e desenvolvida em 20 países. O estudo mediu o impacto psicossocial e comportamental das principais medidas da Convenção-Quadro da Organização Mundial da Saúde para o Controle do Tabaco.
O representante interino da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) no Brasil, Oscar Soriano, destacou que o tabaco é a principal causa de morte que se pode prevenir no mundo. Segundo ele, um em cada dez adultos morre em razão do tabaco:
Todos os esforços feitos pela Opas estão dando certo, mais ainda temos muito trabalho disse Soriano.
O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Dirceu
, lembrou que os avanços devem ser reconhecidos e preservados, mas ressaltou desafios, como a regulamentação da lei que trata de ambientes livres de tabaco e da propaganda de cigarros.